Zaziwe’s pensamentos: O MEU SANGUE NO BRANCO

Eu sinto uma enorme necessidade de ser querida nos dias que a mestruação me rouba humor trazendo a dor. Eu sinto uma vontade de ser beijada enquanto o sangue escorre nas minhas pernas dentro de um mês e também a necessidade de um parceiro anjo com andares e na mão direita um penso higiênico com ele trazendo carinho e atenção.

Pois, um pois para sonhar, eu tive um sonho interesante, um sonho que não sonhei perante e durante um sono. Foi um sonho sonoro que sonhei enquanto andava e a minha volta as árvores dançavam com o impacto do vento. Esse sonho custou-me palavras, é esse, o sonho fora de um sono.

Saí de casa, sem me lembrar que estou no início, meio ou fim do mês e me esqueci de pôr uma cueca vermelha ou preta para desfarçar o imprevisto dos hormônios, a mestruação que chega por ter sido do lado irregular, as vezes sem ameaças e nem avisos.
Vestida de uma cueca branca, desfilei como uma mulher normal sem ao menos dar conta que estou sendo alvo de indicadores apontadas para uma mancha pela minha parte traseira perto das minhas pernas. Não esteve ninguém lá para mostrar-me a gota de sangue que me fez ser olhada com olhares que transmitem expressão de uma mulher nas anormalidades. Os olhares penetrante na minha pele provocou uns arrepios que me fez perceber que estáva sendo observada pelos olhares de tabu, como se a mestruação fosse do outro planeta e como também se não gerasse vida.

Eu virei o meu pescoço e fiz um movimento para ter acesso às minhas ancas, uns segundos, percebi o motivo dos olhares tarados e tristes. Era uma manchinha indicando o início de um período, de uma tortura natural, pois terei que aguentar durante cinco ou três dias a dor nas costas, cólicas e o aumento do peso dos meus seios e talvez o meu mau humor e Ah! Terei também que aguentar o peso daqueles olhares que fui vítima por não ter percebido daquela mancha na minha calça porque usei uma cueca branca pois, é do conhecimento popular que o vermelho mancha o branco. Ah! Terei também de aguentar a perda da minha querida cueca branca!

Depois da tortura, cabe-me sentir avontade perante isto, pois percebi que é natural, aliás sempre foi. Tabu fora da minha natureza, que isto não gere vergonha e nem nojo.

Que os dias cheguem depressa, que os dias virem a bússola. Que nos teus olhos que a mestruação seja como umas lágrimas de emoções. Que não seja segredo para o povo.

Que a mestruação traga os momentos de abraços e beijos como nos dias simples.

O meu sangue nas minhas pernas, nas tuas pernas e nas nossas pernas que façam parte de nós. Que não nos torne menos nós.

É o que somos, é a nossa natureza, que gera vidas, sorrisos e avisos do perigo.

A mestruação mestruada é uma lua vermelha, que já estragou a maior parte dos nossos sois bancos…

Que venha mais mestruação e muito mais interacção com o nosso sangue. O meu sangue é a ‘minha’ sangue, a vergonha e o nojo não é minha e nem a minha natureza. O meu sangue, sim, é a minha natureza.

Autor: CAP-GB

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