OPINIÃO: Moeda e a sua importância económica na divisão do trabalho”

A divisão do trabalho afasta qualquer indivíduo a possibilidade de auto-suficiência económica. Salvo nas comunidades remotas, o indivíduo contemporâneo só “produz” uma parcela mínima daquilo que “consome”. Essa perda de auto-suficiência é uma possibilidade e oportunidade do progresso e da produção em massa, alcançáveis apenas com a intensa divisão do trabalho. Mais ainda, quanto mais um país se desenvolve, mais se especializam os indivíduos, e maior passa a ser a interdependência entre eles.

Obviamente o efeito imediato da divisão do trabalho é o estabelecimento das trocas. Cada indivíduo passa a destinar a maior parte de sua produção não ao consumo próprio, mas às trocas com terceiros que tenham mercadorias do seu interesse. Historicamente, é certo que as trocas evoluíram em duas etapas: a das trocas diretas (mercadorias por mercadorias) e a das trocas indiretas, (por intermédio da moeda).

As trocas diretas só podem promover uma circulação eficiente da produção nas economias primitivas, em que a divisão do trabalho se mostra escassa. Suponhamos que haja dois indivíduos numa ilha deserta, um CONSOME e o outro POUPA, bastarão as trocas diretas para que a produção circule perfeitamente bem entre eles.

No entanto, quando a divisão do trabalho se aprofunda, as trocas diretas se tornam extremamente difíceis e complicadas; um indivíduo, A, pode desejar consumir mercadorias produzidas por outro indivíduo, B; mas, talvez, o indivíduo B não queira as mercadorias produzidas por A, e sim as de um outro indivíduo C, e daí por diante.

A única maneira de tornar eficientes as trocas numa economia onde exista divisão do trabalho consiste em substituir as trocas diretas pelas trocas indiretas, através da moeda. Alguma mercadoria, como sejam, produtos alimentares, é escolhida como o intermediário de trocas, e todas as transações passam a ser efetuadas dando-se mercadorias, em pagamento, pelos bens recebidos. Esse intermediário das trocas constitui a moeda.

A introdução da moeda no sistema económico conduz à fragmentação de cada troca em duas operações distintas: uma compra e uma venda. A moeda, por sua vez, passa a desempenhar três funções fundamentais: a de (intermediário das trocas), a de (unidade de valor) e a de (reserva de valor).

O papel da moeda como intermediário das trocas já foi explicado acima, e é inerente à própria definição da moeda.

O segundo papel, o da (unidade de valor), resume-se numa convenção cómoda: é prática exprimir o valor de troca das mercadorias em termos de uma unidade comum, qual seja, o padrão monetário; isso dá origem a sistemas usuais de preços a que estamos habituados.

O terceiro papel, o de (reserva de valor), decorre do desdobramento das trocas em compras e vendas. No momento em que um indivíduo presta serviços ou vende mercadorias recebendo moeda em troca, cabe-lhe o direito de poupar esse dinheiro para gastá-lo num futuro, mais ou menos, próximo. É isso que confere à moeda o papel de reserva de valor – poupança.

A princípio, qualquer mercadoria pode ser encarada como moeda em potencial.

Três fatores, no entanto, delimitarão suas possibilidades em relação a este fim: os custos de transação, “stock” e aqueles relacionados a sua função como meio de conta. Pode-se claramente imaginar quanto onerosas seriam as transações entre os agentes de determinada economia que escolhesse, por exemplo, água ou ar como meios de troca. Esta escolha certamente também não seria adequada sob oponto de vista dos custos de “stock”. Por último, a magnitude e instabilidade dos preços expressos em litros (ou quilolitros) d’água também não a recomendaria como meio de conta.

Historicamente, as primeiras formas de moeda foram as mercadorias de aceitação generalizada, como o (trigo, o gado, o sal) etc. A etapa seguinte, numa necessária consideração aos custos anteriormente citados, foi a introdução da moeda metálica, dentro do princípio de que uma moeda deveria possuir especiais características de durabilidade. Mais adiante, com o objetivo de evitar falsificações, surgiu a moeda metálica inventada, a qual constituiu a base de todos os sistemas monetários durante vários séculos.

Nos últimos séculos assistiram a duas importantes inovações em matéria de moeda: a criação do papel-moeda e da moeda escritural. O papel-moeda surgiu aos poucos no sistema económico: primeiro, como simples certificado de depósito nos bancos; segundo, como um certificado transferível de depósito (moeda-papel); e, finalmente, como um certificado inconversível, que é o próprio papel-moeda.

O que há de importante no papel-moeda é a eliminação da ideia da moeda representativa. Como intermediária de trocas, a moeda vale não por sua utilidade intrínseca, mas por sua capacidade de adquirir outras mercadorias; pela sua capacidade transformar os ativos (bens) em liquidez (dinheiro), assim sendo, é absolutamente desnecessário que a moeda possua qualquer valor pelo seu valor de troca direta.

O que há de importante no papel-moeda é a eliminação da ideia da moeda representativa. Como intermediária de trocas, a moeda vale não por sua utilidade intrínseca, mas por sua capacidade de adquirir outras mercadorias; pela sua capacidade transformar os ativos (bens) em liquidez (dinheiro), assim sendo, é absolutamente desnecessário que a moeda possua qualquer valor pelo seu uso direto. O que se supôs durante muitos anos ser o valor intrínseco do ouro e dos metais preciosos, em geral, nada mais era do que o seu valor indireto como meio de troca.

Pelas suas características especiais de (divisibilidade, homogeneidade e facilidade de manuseio e transporte), o papel-moeda, isto é, a moeda representada por notas e moedas metálicas é um candidato privilegiado à função de meio de troca, devido a baixos custos de transação.

Se, por conseguinte, sua aceitação for garantida por meios institucionais monetários – i.e, BCEAO – como em geral ocorre, sua utilização generalizada como intermediário de trocas se torna um ponto pacífico.

Em suma, a moeda é um fator-chave, não apenas do ponto de visto económico-monetário, mas, sobretudo, poderá contribuir para a dinamização e diversificação económico-produtiva, dada à sua natureza de intermediação por excelência…

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Por: Santos Fernandes.

Autor: CAP-GB

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