Nova escalada diplomática entre Paris e Bamako


Quanto mais os dias passam, mais a tensão aumenta entre Paris e Bamako. Num comunicado de imprensa publicado na terça-feira 5 de Outubro, as autoridades malianas denunciaram “as observações depreciativas feitas por Emmanuel Macron, o Presidente da República Francesa, sobre as instituições da República do Mali”, e convocaram Joel Meyer, o embaixador francês no país para o efeito.
O Presidente francês tinha declarado no início da manhã sobre a France Inter que “o exército francês não deveria substituir o ‘não-trabalho’, se me é permitido dizê-lo, do Estado do Mali”. Sublinhando que “não podemos pedir aos nossos soldados que substituam o que é o trabalho do vosso Estado”.
Bamako não digeriu esta declaração, e o Ministro dos Negócios Estrangeiros do Mali, Abdoulaye Diop, informou o diplomata francês da “indignação e desaprovação do governo do Mali” e protestou veementemente contra “estas lamentáveis observações, que são susceptíveis de prejudicar o desenvolvimento de relações amigáveis entre nações”. De acordo com o comunicado emitido pelo seu departamento.
Além disso, há outras reacções que Bamako não apreciou de todo. De facto, Emmanuel Macron tinha também declarado que “o Estado deve regressar com a sua justiça, a sua educação, a sua polícia em todo o lado, especialmente no Mali, onde secções inteiras do território são deixadas à sua sorte face aos jihadistas, às tensões intercomunitárias e ao tráfico.
Posteriormente, o Ministro Abdoulaye Diop convidou, no comunicado, “as autoridades francesas a moderar, evitando juízos de valor e apelando a uma abordagem construtiva baseada no respeito mútuo, a fim de se concentrarem no essencial, nomeadamente a luta contra o terrorismo no Sahel.
No seu comunicado, o Ministério dos Negócios Estrangeiros do Mali indicou que o Ministro Diop reiterou a disponibilidade do seu governo para construir “relações sinceras e concertadas com parceiros que o desejem, respeitando o princípio da não-interferência de acordo com as legítimas aspirações do povo do Mali”.