França: Emmanuel Macron reconhece o “privilégio ser branco”


O Presidente francês Emmanuel Macron não tem medo de tabus. “Noto que, na nossa sociedade, ser um homem branco cria condições objectivas que são mais fáceis de aceder à posição que é minha, de ter um lar, de encontrar um emprego, do que ser um homem asiático, negro ou norte-africano, ou uma mulher asiática, negra ou norte-africana”, disse o presidente mais jovem da quinta república numa longa entrevista em L’Express.
Foi tudo o que foi necessário para o debate arrancar num país onde o politicamente correcto não permite diferenças de tratamento entre cidadãos da república, que são assimilados e iguais em deveres e direitos.
Elisabeth Moreno, a Ministra para a Igualdade entre Mulheres e Homens, retomou o assunto e admite a existência deste famoso “privilégio branco”.
“Tenho trabalhado nos quatro continentes do nosso planeta. Visitei o Norte, o Sul, o Leste e o Oeste. Claro que há um privilégio branco”, disse a ministra cabo-verdiana na sexta-feira, 25 de Dezembro, no LCI, e ela foi duramente criticada nas redes sociais pela sua suposta “ingratidão” para com a França, que lhe deu tudo.
Entre os detractores da fórmula está o filósofo Pascal Bruckner, que acredita que na Europa, que é predominantemente de pele clara, esta noção é “um disparate perigoso”. O escritor restringe a definição de privilégio branco a sociedades segregacionistas como a África do Sul ou os Estados Unidos da América antes da revolução dos direitos civis.
Outros intelectuais, como Arnaud Benedetti, professor associado da Universidade de Paris-Sorbonne, clamamam pelo abandono da assimilação em nome da integração, enquanto acusam o presidente francês de apoiar o reconhecimento de um “privilégio branco”, que é a antítese do ideal do pacto republicano.