Joanesburgo: Macky Sall e o apelo a uma parceria África-BRICS

A efervescência reina por ocasião da 15ª Cúpula do BRICS, que acontece de 23 a 24 de agosto na metrópole sul-africana de Joanesburgo. Uma assembleia que reuniu os cinco gigantes económicos do Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, com especial atenção este ano centrada em África e na parceria mutuamente benéfica que dela poderá resultar.
A voz do Presidente Macky Sall, ilustre convidado deste grande evento, já ressoa nos corredores desta cimeira. Na qualidade de Chefe de Estado do Senegal, é convidado pelo seu homólogo sul-africano, Cyril Ramaphosa, a apresentar o seu ponto de vista sobre as questões cruciais da governação global e o papel que o continente africano pode desempenhar nesta dinâmica.
“O sonho de mudança encarnado por Mandela é, em muitos aspectos, o mesmo que África e os BRICS perseguem hoje”, sublinha Macky Sall, evocando assim o paralelo entre as aspirações do ícone sul-africano e os actuais desafios que África e os BRICS enfrentam. .
A economia mundial está a testemunhar a ascensão meteórica da aliança BRICS que, segundo as projecções, poderá representar até 50% do PIB mundial até 2030. As cinco nações unem-se sob o tema: “BRICS e África: Parceria para a Aceleração Mútua Crescimento, Desenvolvimento Sustentável e Multilateralismo Inclusivo”, demonstrando assim o seu desejo de construir um futuro comum baseado na cooperação e no progresso.
Antes deste evento emblemático, o Presidente Sall, também Co-Presidente do Fórum sobre Cooperação China-África, participa numa reunião de alto nível com Xi Jinping, Presidente da República Popular da China, com vista a reforçar os laços de Cooperação Sino-Africana e consolidar a sua parceria estratégica.
A sua defesa de uma maior parceria entre África e os BRICS testemunha a sua visão clara para o futuro. Num mundo ainda marcado pelas convulsões da guerra russo-ucraniana e pelas consequências persistentes da pandemia da COVID-19, ele insiste na urgência de reforçar a cooperação entre África e os BRICS.
Esta parceria, segundo Macky Sall, deve basear-se numa abordagem inovadora e partilhada, capaz de superar os desafios atuais e trabalhar por uma ordem mundial mais justa e inclusiva. Evoca as múltiplas áreas de convergência entre África e os BRICS, como infra-estruturas, agricultura, energia, formação de recursos humanos, tecnologias de informação e comunicação, finanças e investimentos.
Destaca-se o exemplo do Senegal, com uma taxa de crescimento robusta de 4,2% em 2022, apesar dos choques da crise global. O país da África Ocidental destaca-se pelo seu compromisso inabalável com o desenvolvimento de infraestruturas, desde ferrovias a estradas, e pelo seu forte desempenho económico, com uma projeção de crescimento de quase 9% para o ano.
O Chefe de Estado destaca a importância dos investimentos e despesas nestes sectores, destacando o aumento significativo dos recursos orçamentais atribuídos, que quase triplicaram nos últimos doze anos.
As questões de governação global também ocupam um lugar central no discurso do Presidente Macky Sall. Ele lembra que a sigla “BRIC” foi criada para sublinhar o potencial de crescimento destas nações, que poderá representar mais de 50% do PIB mundial até 2030. Com uma população combinada de 3,2 mil milhões de consumidores e uma contribuição Com o PIB global superior ao de o G7, os BRICS são uma força económica que não deve ser esquecida.
O Presidente também mencionou as iniciativas inovadoras lançadas pelos BRICS, como o Novo Banco de Desenvolvimento (NDB) e o Arranjo Contingente de Reservas (CRA), que demonstram o seu desejo de criar instituições que melhor atendam às necessidades das economias emergentes.
Estes países também defendem reformas nas instituições globais existentes para promover uma distribuição de poder mais equitativa e reforçar o papel das nações em desenvolvimento na tomada de decisões globais. Esta perspetiva está em linha com o apelo do Presidente Sall a um lugar permanente para África no Conselho da ONU e à representação africana no G20.