Cabo Verde: Vice-primeiro ministro diz que o país “não está e nunca esteve” em incumprimento financeiro

O vice-primeiro-ministro cabo-verdiano, Olavo Correia, reconheceu hoje que a dívida pública do país é “elevada”, mas afirmou que Cabo Verde “não está e nunca esteve” em situação de ’default’ (incumprimento financeiro).

Cabo Verde continua com uma dívida pública elevada, isso é verdade, nós não podemos escamotear os factos, a trajetória é de redução da dívida pública em percentagens do Produto Interno Bruto [PIB]”, afirmou o também ministro das Finanças, na Praia, em conferência de imprensa no final de uma missão de consulta do Fundo Monetário Internacional (FMI).

O FMI constatou que a dívida em relação ao PIB diminuiu em 2022 para 121,2%, mas alertou que continua elevada, constituindo uma “fonte de vulnerabilidade”.

Em novembro de 2022, o Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV, oposição) alertou para os riscos do endividamento do Estado agravados na proposta do Orçamento do Estado para 2023, aludindo mesmo aos riscos de um ’default’.

Na altura, o primeiro-ministro, Ulisses Correia e Silva, acusou o PAICV de um “ato antipatriótico” nas afirmações com “tiques de malvadez” que sugeriram um possível cenário de ‘default’, devido ao volume da dívida pública.

O vice-primeiro-ministro considerou hoje, mesmo assim, que a análise do FMI é positiva e que não há no curto prazo riscos de insustentabilidade, a não ser que venha a acontecer algo imprevisível.

Aquilo que é importante destacar é a trajetória de uma redução muito importante da dívida pública em percentagem do PIB e de uma trajetória de redução que nós estamos a continuar“, sublinhou.

Cabo Verde não está e nunca esteve nos últimos anos numa situação de ’pré-default’. Nós estamos a dizer é que nós temos uma dívida nominal que é elevada em percentagens do PIB e que nós temos de contornar a sua trajetória. Mas fazer a afirmação de que estamos numa situação de ’pré-default’ é irresponsável, porque não é uma afirmação que está sustentada em factos nem dados, é apenas uma suposição e quem tem responsabilidades ao nível da gestão desta nação não pode fazer uma afirmação com esta envergadura, porque tem consequências“, respondeu Olavo Correia, ao ser questionado sobre os alertas do maior partido da oposição no país.

Segundo explicou o ’número dois’ do Governo cabo-verdiano, em 2020 a dívida pública foi de quase 140% do PIB e para 2023 prevê-se uma redução para cerca de 122%.

Nós queremos fazer tudo para que Cabo Verde continue a ser um país cumpridor das suas obrigações atempadamente, para que possa continuar a transmitir confiança”, insistiu Correia.

No final da missão de uma semana, o FMI anunciou a manutenção da previsão de crescimento do PIB de Cabo Verde em 4,4% em 2023 e uma inflação de 5,2%, com descida dos preços dos combustíveis e dos produtos alimentares.

Na segunda-feira, o governador do Banco de Cabo Verde (BCV), Óscar Santos, anunciou que prevê uma redução da inflação de 8% em 2022 para 4,9% e 2,2% em 2023 e 2024, respetivamente, bem como um crescimento económico, este ano, de 4,1%.

Cabo Verde recupera de uma profunda crise económica e financeira, decorrente da forte quebra na procura turística – setor que garante 25% do Produto Interno Bruto (PIB) do arquipélago – desde março de 2020, devido à pandemia de covid-19.

Em 2020, registou uma recessão económica histórica, equivalente a 14,8% do PIB, seguindo-se um crescimento de 7% em 2021 e 17,7% em 2022, impulsionado pela retoma da procura turística.

com-A Semana

Autor: CAP-GB

                               

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